Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Câncer de Pele representa 1/3 de todos os tumores malignos registrados no país, sendo ele o mais incidente no Brasil. Apresenta-se comumente nas pessoas com mais de 40 anos, principalmente naquelas de pele clara. A estimativa de novos casos é de 180 mil ao ano. Apesar dos números, no entanto, a taxa de mortalidade é a menor que em outras doenças, mas não diminui a preocupação e os cuidados que se deve ter durante a vida, principalmente para os melanomas, tumores de pele mais agressivos.
Há três ou mais décadas, quando a moda era a pele bronzeada, os(as) jovens não se preocupavam com um possível câncer de pele, mesmo porque, na época não havia muita informação a respeito. Esta exposição exagerada ao sol fez com que muitos casos de tumores de pele passassem a fazer parte de uma estatística cada vez mais crescente, o que motivou campanhas de conscientização sistemáticas para a população sobre como evitar o aparecimento da doença. Nesse contexto, surgiu o “Dezembro Laranja”, aos moldes do “Outubro Rosa” e “Novembro Azul”. A época da chegada do verão no Brasil, quando as pessoas mais se expõem ao sol, é também época de prevenção do câncer de pele. A campanha é anual e tem como objetivo alertar a população sobre os perigos da doença e suas formas e tratamentos.
Muito se fala sobre o diagnóstico precoce e o tratamento e prevenção da doença. Principalmente se for descoberta em estado adiantado, uma equipe multiprofissional composta por dermatologista, cirurgião plástico, oncologista e um assistente psicológico atuará de forma a colaborar no combate à doença. A ação do cirurgião plástico se dá pela complementação do tratamento, que exige muitas vezes cirurgias complexas para a retirada de tumores. Este procedimento resulta em cicatrizes ou até mesmo desfiguração, caso a lesão se encontre em alguma área delicada, como o rosto, por exemplo. E, por isso mesmo, a cirurgia plástica torna-se imprescindível no auxílio ao tratamento. Além de curar a doença, é preciso, ainda, cuidados com a autoestima e a estética do paciente. Nesse aspecto, é necessário entrar com o fundamental papel de preservar a saúde e aparência da pele e participar de sua reconstrução.
Como cirurgião plástico, é necessário entender as preocupações e necessidades do paciente e sempre direcionar a forma de trazer os melhores efeitos para a saúde e a aparência da pele. É necessário que os cirurgiões plásticos se envolvam desde o início do tratamento, realizando todas as etapas desde a remoção até a reconstrução da pele afetada pelo câncer.
Entender o estilo de vida do paciente, suas características e desejos é uma forma de prosseguir com o tratamento e escolher a melhor forma de abordar a cirurgia.
Tanto a segurança quanto o sucesso do procedimento dependem deste momento de sinceridade e cumplicidade entre médico e paciente. A pele é o nosso cartão de visitas e cuidar dela é essencial, principalmente quando se passa por uma experiência dolorosa como um câncer. Prevenir é cuidar.
Jorge Menezes
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica